Ser e pedir ajuda.

17.10.19

Ultimamente tenho vindo aqui apenas para vos partilhar algumas receitas, mas confesso-vos que tenho saudades de simplesmente escrever. Sem limite de palavras como no instagram, sem tema definido... chegar aqui e começar a falar-vos de algo e aperceber-me a meio que já estou a divagar por caminhos que nada têm a ver.

Já passa das 20h por aqui e estou sentada em frente a este ecrã porque me apetecia conversar convosco sobre algo que fiz hoje no instagram. Pedi que partilhassem a minha conta. Verdade. Eu que sempre achei estes pedidos um bocadinho estranhos.
Hesitei mil e uma vezes, olhei para o ecrã numa hesitação absurda, até que decidi publicar mesmo com a vergonha que sentia.
Porque sentia eu vergonha? Porque pedir seja o que for ainda me é muito difícil. Sim, é algo que estou a trabalhar em mim, aceitar que pedir ajuda faz parte do crescimento de cada um de nós. 

Depois de o ter publicado e de ter conversado com algumas amigas percebi que não estava a pedinchar nada, que não me estava a aproveitar de nada nem de ninguém, afinal dou tanto de mim ali naquele cantinho que não é crime pedir ajuda a quem por lá me acompanha.

Mas, digam-me, quantos de vocês já deixaram de avançar, de evoluir por vergonha em pedir ajuda?
Gostamos todos ou de viajar, conhecer outras culturas ou simplesmente falar de globalização. Adoramos mencionar que vivemos em sociedade e que temos de nos respeitar, mas porque é que perdemos a base daquilo que é viver realmente em sociedade?

Lembro-me de ser pequenina e de ir buscar ao café da rua o cafézinho para a D. Manuela, a vizinha invisual. Ela dava-me o copo alto azul da cor do céu da tupperware com tampinha cor de pêssego, dizia-me para não tapar o copo quando já tivesse o café quente porque podia saltar e eu queimar-me. Fazia aquilo como se fosse um ritual e lembro-me perfeitamente de me sentir super orgulhosa por estar a servir alguém. Eu dava-lhe o cafézinho sem pedir nada em troca, mas ela preparava-me tantas vezes o lanche com as melhores gemadas da minha vida.

Já eu estava na recta final dos meus estudos e numa das aulas um professor pediu que escrevêssemos uma qualidade de cada colega num pedaço de papel... a palavra que mais me definiu foi "serviable".
Sabem o que isso significa? "Que gosta de servir".
Não, não sinto que isto faça de mim "parva" como já me chamaram. Eu gosto de servir os outros sim, gosto de cuidar, de me dedicar, de ensinar, partilhar e dar de mim a quem comigo se cruza.
Não vejo interesse nenhum na vida se agir de outra maneira.
Detesto pessoas que se fazem de misteriosas quando lhes pedimos uma receita, pessoas que te ignoram quando perguntas de que loja é aquela camisa ou saia, por isso tenho tanta dificuldade em entender este entusiasmo todo que milhares de pessoas têm em relação a quem está ali a ganhar dinheiro ignorando quem acha que é "íntimo". Onde é que anda o amor-próprio e a definição de vida em sociedade?

Hoje eu pedi-vos que partilhassem a minha conta, porque acho mesmo que a função "swipe up" me ajudará a trazer mais facilmente alguns leitores até aqui. 
Porque é aqui que deixo pedaços de mim, dos meus dias, dos meus sentimentos. É aqui que me dou, que quero servir todos aqueles que buscam por todos os meios uma palavra de esperança.
Sim, que esta moda de coachs e de partilhar frases bonitas e feitas não ajuda quem realmente precisa. Não tenho nada contra quem cria estes novos empregos, até porque há publico para isso se não jamais virariam empregos.
Mas deixemo-nos de histórias bonitas e falemos de realidade. Quem realmente precisa, procura ajuda de alguém que sabe o quanto dói a escuridão, precisa de quem lhe mostra que já esteve naquele caminho e que por muito impossível que pareça saiba mostrar-lhe que é possível dar a volta sim, que a encaminhe ao encontro de uma saída daquele desespero.
É fácil escrever e partilhar umas frases bonitas que até podem "inspirar", mas inspirar quem? Quem lhes consegue ver sentido... não realmente quem precisa de ajuda.
Talvez estas minhas palavras incomodem algumas pessoas, talvez quem me acompanhe não esteja de acordo com o que eu acabei de escrever. E sabem que mais? Têm todo o direito em pensar diferente, têm todo o direito em encontrar inspiração em tudo e todos os que vos rodeiam.
Mas, também isto é viver em sociedade, o respeito e aceitação das diferenças estendendo a mão como sabemos, como podemos ou simplesmente como queremos.

Eu dou de mim e não espero nada em troca, mas tenho a liberdade de pedir ajuda quando me acho capaz disso mesmo. 
E hoje fui capaz.

A todos os que me ajudaram, obrigada. Eu não esqueço. Nada. Nunca.
Obrigada de coração!

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5 comentários

  1. Que bom de ler, não me canso nunca de abraçar as tuas palavras♡mereces todo o carinho. Beijinhos

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  2. Muitos parabéns!! Fico muito feliz por este passo tão bom!!

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  3. Muitos parabéns!! Estou tão feliz!!

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  4. Beijinhos grandes Ana adoro ler-te ❤ parabéns pelos 10k no instagram 😘

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  5. Não há que ter vergonha de pedir... Como costumo dizer um "não" já sabemos que temos.
    Eu própria, antes tinha muita vergonha de pedir o que quer que fosse, mas hoje já não penso assim. Deve ser da idade ou da vivência.
    Gosto muito de ler o que escreve. Nota-se que é uma boa pessoa e com bom coração. Dúvidas e inseguranças todos temos: é isso que nos faz humanos.
    Adoro as fotos que mostra no instagram :)
    Vêmo-nos por lá?
    Marta
    https://pitinhosdamarta.blogspot.com/

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