Da vida.

24.10.18

(Porque sim...)


Como partilhei convosco no Instagram há já uns tempos, a vida por aqui mudou bastante. Fiz escolhas que podiam ter sido evitadas se tivesse pensado aos vinte anos como penso aos trinta. 
Sei que isto pode parecer muito óbvio para quem me lê. 

A vida dá voltas, nós crescemos e se as nossas certezas dos vinte anos eram para toda a vida, percebemos que dez anos depois podemos ser o completo oposto daquilo que ambicionávamos ser. 
Aos trinta, ou melhor, aos trinta e dois anos comecei a perceber que a direcção que tinha dado à minha vida não era propriamente o caminho que me estava a deixar mais feliz.
Decidimos então que eu me despediria do emprego que tinha para me dedicar a mim, aos meus, à nossa casa, à nossa vida de família.
Depois desta experiência percebi que era ali que eu seria mais feliz, mais equilibrada, mais atenta à vida. Foi também essa experiência que me fez ter vontade de desenhar novos sonhos, de pintar um novo futuro.
Eu sempre fui o estilo de pessoa que deseja algo e corre atrás no mesmo momento. Sempre fui de mudar de vida assim que a necessidade de mudança se fazia sentir. Felizmente encontrei uma alma que caminha na mesma direcção e com as mesmas vontades que a minha.
Lembro-me de ele dizer "Vamos para fora de Portugal?" e eu responder-lhe a rir "Bora".
Hoje em dia dou por mim a agir de maneira diferente. A pensar duas vezes, a desenhar caminhos para um futuro diferente. Sempre desenhei o caminho do momento e agora desenho um futuro... Estou diferente. Se me sinto mais eu a agir no momento? Sim. Se gosto desta coisa de desenhar futuro? Não. Mas preciso. Preciso desenhar agora o caminho dos próximos cinco anos para depois poder viver um presente que me deixará mais feliz, mais eu.

Os trinta anos fizeram-me querer voltar a um país que nunca me fez sentir membro dele. Mas, o sangue é quente, ferve. ri, dança até de madrugada. Quer mesa cheia de gente, de risos, de música alta e de gente que fala alto tal é o entusiasmo. 
À minha gente, saibam que Portugal pode ter muitos defeitos, que o povo português tem defeitos como qualquer povo, que tem um trabalho gigante a fazer para se enquadrar no respeito que qualquer pessoa ou animal merece nos dias de hoje. Mas caramba, acreditem, é dos povos mais vivos, com mais sede de vida que conheço. 

Pergunto-me vezes sem conta se este sacrifício que decidi fazer valerá a pena. Várias vezes apetece-me mandar tudo pelos ares e deixar que o tempo decida por mim e me guie até onde devo ir. Mas depois olho para os sonos desenhados, para as linhas escritas e enxugo as lágrimas, levanto a cabeça e decido manter-me firme, de pé.
No outro lado da minha rua nasceu uma moradia bonita. Vi dezenas de pessoas a trabalhar ali, mulheres, homens, adolescentes. Dava para perceber que nem todos eram profissionais da área. Um dia cheguei a casa e na porta estava um papel que pedia desculpa a todos os vizinhos pelo incómodo das obras assim como uma rosa. Eu fiquei sensibilizada sim, quando percebi pela assinatura que aquela moradia estava a ser construída por voluntários de uma determinada religião. Aqui nada tem a ver com religião porque quem me segue sabe que eu não tenho religião, mas acredito piamente na existência de Deus. Aqui o que me tocou foi o quão forte é a união do ser humano, o quanto conseguem criar quando se unem em prol de algo. Porque não somos todos assim? E não precisamos construir casas ou porque não? Mas, podíamos ser assim até nas mais pequenas coisas do dia-a-dia. Uma das coisas que vejo frequentemente no instagram, que me faz alguma confusão confesso, é uma partilha de contas por exemplo. Em que as contas com muitos seguidores partilham apenas outras contas com muitos seguidores. Ou seja, a divulgação não é feita com o objectivo de ajudar a divulgar o trabalho do outro e muito menos com o pensamento no leitor. É quase sempre com o pensamento na contrapartida, no que vai ganhar em troca. E isso acontece com páginas de marcas. Quantas "influenciadoras digitais" partilham marcas pequeninas, pessoas que tentam viver do próprio sonho? Poucas, muito poucas.
Quantas vezes fazem coisas sem interesse? Quantas vezes apoiam realmente alguém? Sem contrapartidas?

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