Responsabilidade

8.3.18


Uma das coisas que ficou bem claro no dia em que se tomou a decisão de eu parar de trabalhar fora de casa, foi que a mãe não iria passar a ser a empregada de quem quer que fosse.
Ou seja, todas as responsabilidades que tinham até ali continuariam a fazer parte das suas tarefas diárias.

Desde muito cedo, quando já andavam e corriam por todo o lado que os nossos filhos aprenderam a arrumar aquilo que tiravam do lugar e sobretudo aprenderam que aquela casa não era da mãe e do pai, mas sim de todos.
Aqui em casa não existe a tão conhecida frase "enquanto estiveres na minha casa bla bla bla". Aqui a casa é nossa, de cada um dos membros desta tribo. Aqui em casa todos temos direitos e deveres, um deles é o de arrumar e limpar o espaço que nos serve de abrigo.
Nesta foto, estão as peças de roupa que dobrei esta manhã. Separadas, por quartos, quando chegarem a casa e forem tomar banho, passam por ali e arrumam. É assim esta nossa rotina.

A mãe, o pai, os filhos, todos sujam, todos arrumam, todos limpam. Ninguém anda a ajudar ninguém nas lides domésticas. Sempre foi assim, sempre será e ponto final. Se o pai já esteve sentado no sofá enquanto a mãe cozinha? Já. Se já aconteceu no sentido inverso? Óbvio. E querem que vos diga uma coisa? Até os filhos já cozinham. 
Há uns tempos, enquanto o jogo de futebol do T2 não começava entre mães falávamos sobre o tema "crianças e arrumações", todas se queixavam de passar a vida a arrumar. Disse-lhes que aqui em casa eu não faço a cama deles nem lhes troco os lençóis. Não lhes aspiro o quarto nem limpo o pó, lavo-lhes o chão quando lavo o primeiro andar e faço questão de ser eu a lavar. Não lhes arrumo a roupa nem as gavetas.
São eles que o fazem e eu de vez em quando abro as gavetas e se precisarem de arrumação, chamo-os e fico ali para o caso de precisarem de ajuda ou terem questões.
Ao dizer isto, uma das mães que me olhava sem pestanejar comentou: "Mas não trabalhas fora, pois não? Estás em casa durante o dia, não é?". Respondi-lhe que é isso mesmo, deixei de trabalhar fora, mas não virei empregada doméstica. Fez-se silêncio. Às vezes pergunto-me se tenho o dom em dar origem a silêncios.

Tudo isto para vos dizer, que os meus miúdos são gente independente que me fazem correr sempre atrás deles para lavarem os dentes (acredito que não é só aqui em casa), mas sabem que somos todos iguais.
E neste dia em que se (pretende) comemora(r) os direitos da Mulher, posso dizer-vos que é dentro de nossa casa que começamos os primeiros passos da igualdade. Sou feminista sim e eles também.
Criem seres humanos diferentes com direitos iguais.

*Quem disser que ser feminista é ser "machista" merece um dicionário na cara. Não confundam nunca o querer ser superior (machista) com a luta pela igualdade (feminista). Esta última será sempre uma luta que todos nós devíamos abraçar. 

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